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Especialistas explicam como o ruído do trânsito se tornou um inimigo da saúde mental
Poluição sonora nas grandes cidades não afeta apenas a audição, mas se tornou um gatilho para estresse, ansiedade e depressão, com impactos que vão do trânsito para o ambiente de trabalho e para casa
Por Administrador
Publicado em 01/10/2025 12:12
Mobilidade
Reprodução

O som das cidades brasileiras tem se tornado a trilha sonora de um problema de saúde pública crescente. Para milhões de pessoas, a rotina de deslocamento em meio a buzinas, motores ruidosos e o caos geral do trânsito se transformou em uma fonte diária de estresse com graves consequências para a saúde mental.
O que antes era visto como um simples aborrecimento cotidiano, hoje é encarado por especialistas como um fator de risco significativo. "O trânsito se transformou em um ambiente hostil para a mente humana. A exposição contínua a frustrações, atrasos e, principalmente, ao ruído excessivo, está levando muitas pessoas a desenvolverem sintomas claros de estresse, ansiedade e depressão", afirma Carlos Luiz Souza, vice-presidente da Associação das Clínicas de Trânsito de Minas Gerais (Actrans-MG).
Segundo o psicólogo especializado em Trânsito, os efeitos dessa exposição não terminam quando o motor é desligado. "O estresse gerado no trânsito não fica no carro. As pessoas o levam para o trabalho e para casa, contaminando suas relações interpessoais. O resultado é um aumento nos conflitos e até no isolamento social", adverte Souza. "Para os trabalhadores, o impacto é duplo. Além do comprometimento da saúde e da qualidade de vida, vemos reflexos diretos na queda de produtividade e um aumento preocupante nos indicadores de absenteísmo".
 
A reação do corpo
Mas por que o barulho nos afeta tanto? A psicóloga especializada em Trânsito e presidente da Actrans, Adalgisa Lopes, explica que nosso corpo tem uma resposta primitiva ao ruído. "O excesso de sons é grave porque os ruídos são interpretados por nosso organismo como um sinal de perigo. Diante desse estímulo, o cérebro reage liberando hormônios de estresse e reservas energéticas", detalha.
Esse estado de alerta constante desencadeia uma cascata de reações fisiológicas. "O processo altera a respiração e o ritmo dos batimentos cardíacos. Com essa pressão, os músculos se contraem e liberam substâncias inflamatórias na corrente sanguínea, que podem atingir todos os órgãos", explica Adalgisa.
A percepção dos especialistas é corroborada por estudos internacionais. Uma pesquisa recente na Inglaterra concluiu que o ruído do trânsito não apenas aumenta a ansiedade, mas também anula os benefícios de sons naturais relaxantes, como o canto de pássaros. Outro estudo, na Universidade de Oulu, na Finlândia, que analisou mais de 114 mil pessoas, cruzou dados de ruído do tráfego próximo às residências com diagnósticos médicos, encontrando uma correlação direta com o aumento de casos de depressão e ansiedade. "Tais pesquisas nos induzem a questionar os impactos deste tipo de poluição sonora em nosso país, onde o trânsito é a principal queixa de ruído nas cidades brasileiras", pontua Carlos Souza.
Para os especialistas, reverter esse quadro exige uma ação em duas frentes. "É claro que as soluções demandam o posicionamento e a iniciativa dos governantes, responsáveis por políticas públicas e planejamento urbano para minimizar o problema", afirma Souza. No entanto, ele ressalta que a mudança também depende do engajamento de toda a população. "A sociedade pode contribuir com uma genuína educação no trânsito. Que tal parar de buzinar à toa, conversar mais baixo no transporte público, ou usar fones de ouvido em um volume que respeite a própria saúde e a dos demais?", sugere o psicólogo.
Enquanto o silêncio completo parece uma utopia nas metrópoles, a conscientização sobre os danos invisíveis do ruído é o primeiro passo para que a jornada diária deixe de ser uma ameaça e se torne, novamente, apenas um caminho.

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