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Longas jornadas, pouco lucro e saúde mental em risco: a realidade dos motoristas de aplicativo no Brasil
Com lucros líquidos que em muitas capitais mal chegam a R$ 2 mil (pouco mais que um salário mínimo) e jornadas de até 60 horas semanais, motoristas de aplicativo enfrentam esgotamento físico e emocional
Por Administrador
Publicado em 23/09/2025 12:06
Mercado
Reprodução

Setembro é o mês marcado pela campanha Setembro Amarelo, dedicada à prevenção do suicídio e à conscientização sobre saúde mental. No entanto, os números que retratam a rotina de motoristas de aplicativo em diferentes capitais brasileiras escancaram uma realidade preocupante: jornadas de até 60 horas semanais, lucros líquidos que muitas vezes mal passam de R$ 3 mil e o peso de um trabalho invisível e pouco reconhecido.
Em São Paulo, onde os motoristas trabalham em média 60 horas por semana, o lucro líquido mensal gira em torno de R$ 4.186, após gastos elevados com combustível e manutenção. A título de comparação, em cidades como Maceió e São Luís, o lucro mensal não chega a R$ 2 mil, mesmo com jornadas de 48 a 50 horas semanais.
Os custos de operação — sobretudo a gasolina, que consome entre R$1,7 mil e R$2,4 mil por mês — corroem quase metade do faturamento dos trabalhadores, deixando-os em constante sensação de estarem “correndo atrás do rabo”. Isso sem contar os que precisam alugar veículos, realidade de quase um terço dos motoristas em metrópoles como São Paulo e Manaus, o que aumenta ainda mais a pressão financeira.
“O motorista de aplicativo vive um paradoxo: trabalha mais que a média da população, mas vê pouco retorno no fim do mês. Essa instabilidade financeira, somada ao cansaço físico e emocional, cria um ambiente propício para ansiedade, depressão e até esgotamento psicológico”, analisa Luiz Gustavo Neves, CEO da GigU, comunidade nacional de apoio a motoristas e entregadores.
Segundo ele, o reconhecimento é um dos pontos mais dolorosos:
“Esses profissionais são parte essencial da mobilidade urbana e da economia de entrega no Brasil, mas ainda são tratados como invisíveis. O impacto disso na autoestima e na saúde mental é profundo e precisa ser debatido com urgência”.
A comparação entre capitais revela contrastes gritantes. Em Brasília, por exemplo, a média semanal é de 50 horas trabalhadas para um lucro de apenas R$ 2,5 mil, enquanto em Curitiba, mesmo com 56 horas semanais, o ganho líquido não passa de R$ 3,4 mil. Essa relação direta entre esforço e retorno baixo reforça a frustração generalizada da categoria.
Para especialistas em saúde mental, a sobrecarga traz riscos sérios. A jornada excessiva compromete o descanso e o convívio familiar, aumentando os níveis de estresse e isolamento social — dois fatores fortemente ligados ao adoecimento psíquico. Além disso, a pressão por metas diárias para “fechar as contas” cria um ciclo de ansiedade que afeta diretamente a qualidade de vida.
A campanha Setembro Amarelo ganha, portanto, um significado ainda mais urgente dentro dessa categoria profissional. “Não podemos falar em saúde mental sem olhar para as condições estruturais de trabalho. Apoio emocional é fundamental, mas sem melhorias concretas nas condições financeiras e sociais desses motoristas, continuaremos enxugando gelo”, completa Neves.
Em um país onde a mobilidade urbana depende cada vez mais desses trabalhadores, garantir condições dignas, segurança e suporte psicológico não é apenas uma questão individual — é um compromisso social.

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