A vida acelerada e o tempo perdido em deslocamentos pela cidade de São Paulo fazem com que o tempo livre se torne um artigo de luxo. Uma pesquisa do Instituto Locomotiva, com apoio da Uber, revela que a mobilidade é a principal vilã do tempo dos paulistanos, superando filas em serviços e cuidados domésticos. Um sintoma disso é que seis em cada dez deles preferem uma hora livre a mais por dia do que uma renda 10% maior. Além disso, a sensação de falta de tempo é mais latente entre cidadãos de baixa renda, mulheres e pessoas pretas.
As dificuldades com o transporte têm um impacto significativo na gestão de tempo: sete em cada dez paulistanos sentem que o tempo gasto no trânsito e nos deslocamentos atrapalha outras atividades importantes e afirmam passar mais tempo do que gostariam em pelo menos um modal (ônibus, trem ou metrô).
Os desafios de deslocamento para os moradores de favela
Para os moradores de favelas, os desafios com a mobilidade são ainda mais intensos: 90% deles consideram o tempo de espera nos pontos de ônibus muito longo, contra 85% da população geral. As linhas de metrô e trem não têm o trajeto ideal para 68% dos que residem em favela, frente a 58% da população geral, sinalizando que residentes de áreas periféricas penam mais no deslocamento pela cidade.
Além disso, as dificuldades começam na infraestrutura local, visto que 56% daqueles que estão nas favelas já tiveram problemas para chegar em casa de carro por morar em ruas de difícil acesso, como vielas e ladeiras.
As adversidades com o transporte público são um problema compartilhado entre os dois grupos: 79% da população geral concordam que muitas linhas de ônibus seguem rotas que aumentam desnecessariamente o tempo do trajeto. Já entre moradores de favelas, esse número sobe para 87%.
O tempo livre para o que realmente importa
O desejo de perder menos tempo em deslocamentos é compartilhado por 87% dos paulistanos. A pesquisa revela que 85% da população geral e 82% dos moradores de favela já chegaram atrasados ou perderam compromissos importantes, como os de trabalho, saúde e família, devido a problemas no trajeto. Se tivessem mais tempo, os paulistanos gostariam de se dedicar a atividades como cuidar da saúde física e mental e aproveitar mais a companhia da família e amigos.
Metodologia
O levantamento foi realizado presencialmente com pessoas de 18 anos ou mais que residem no município de São Paulo e saem de casa ao menos uma vez por semana. Foram entrevistadas 1.100 pessoas da população geral e 400 pessoas que residem em favelas, entre maio e junho deste ano. A margem de erro para a amostra da população geral é de 3 pontos percentuais e para os moradores de favelas é de 4,9 pontos percentuais.
