Na 11ª edição do Seminário de Inovação em Powertrain, encontro técnico organizado pela AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, ocorrido no formato online na última quinta-feira, 26 de junho, representantes da indústria e da academia foram unânimes na avaliação de que na busca pela descarbonização não há uma única solução, mas diversas, em especial por conta da abundância de fontes energéticas renováveis no Brasil.
Sob o macrotema “Inovação e sustentabilidade: a evolução do powertrain no Brasil”, a primeira palestra foi conduzida por Gábor Deak, diretor de Tecnologia e Sustentabilidade do Sindipeças, quem fez um detalhado retrospecto sobre a produção e o consumo de petróleo, passando por análise acurada dos países que mais produzem e consomem o combustível fóssil e ainda sobre o privilégio de o Brasil contar com 89% de sua matriz energética renovável, quando – na outra ponta – a Arábia Saudita responde por apenas 1%.
“A posição do Sindipeças é agnóstica, mas está muito evidente que o Brasil precisa decidir-se pelos biocombustíveis, até porque segundo nossas projeções para 2040, a frota circulante nacional será ainda de 88% de veículos com motores a combustão interna”, argumentou Deak.
“Desafios do desenvolvimento de ônibus elétricos” foi o tema da apresentação de Natália Costa, gerente de Desenvolvimento de Produto da Daimler Truck, para quem, depois de lembrar que em Santiago, no Chile, 35% dos ônibus urbanos são elétricos, e em Bogotá, 15%, “300 novos ônibus elétricos entraram em circulação em 2024 e, de janeiro a maio deste ano, 250 unidades, ou seja, teremos um crescimento bastante expressivo”.
Por conta dessa celeridade de mercado, Natália Costa enfatizou que esse segmento necessita de padronização, engenharia de dados e de escalabilidade para suportar o desenvolvimento de powertrain específico para o Brasil quanto ao relevo das cidades, número de paradas nos diferentes percursos, temperatura ambiente e trânsito.
Também por conta de o Brasil ser um país privilegiado por sua matrizes energéticas limpas, Marcio Melhorança, diretor de R&D da Horse Latam, discorreu sobre a importância da nacionalização de motores a combustão eficientes. Fez ampla explanação sobre os motores GDI Turbo HR10 e HR13, e avançou sobre a tecnologia Range Extender desenvolvida nacionalmente para veículos híbridos, com motor Horse aliado a um gerador/bateria elétrica da WEG.
A penúltima palestra do Seminário AEA de Inovação em Powertrain foi conduzida por Ana Eliza Braga, gerente de Programas da Fundep I Fundação de Apoio à Pesquisa da UFMG. Ela fez uma atualização das linhas IV, V e VI dos Programas Prioritários do Mover. E a última ficou a cargo de Cristiano Zia, da Cummins, sobre “MAR II - Os desafios tecnológicos e soluções para o mercado brasileiro”, legislação em construção entre AEA e Governo que conduzirá o setor de máquinas e implementos agrícolas e de construção para níveis mais reduzidos de emissões de poluentes, com mais tecnologias embarcadas e maior eficiência dos motores.
Ao final do evento, os cinco palestrantes do seminário participaram da sessão de debates, mediada por Ricardo França, do Innospec.